quinta-feira, 26 de julho de 2012

O viandante sobre o mar de névoa - Um poema de minha autoria

Gostaria de lhes apresentar um poema de minha autoria: O viandante sobre o mar de névoa, inspirado na pintura homônima de Caspar David Friedrich (Der Wanderer über Nebelsee)


(meu objetivo foi mostrar a mudança que se passa no espírito do eu-poético quando ele está no topo da montanha e vai mudando conforme vai descendo e chega a seu lar)






Dedicado àquelas almas repletas de vida interior que amam o pensar e temem o agir, mas diante da Natureza vêem seus rancores sublimar.

O pálido rapaz em negros trajes
Após horas caminhando
E contemplando a natureza selvagem
Finalmente ao topo do monte chega

Era uma tarde de outono
E a névoa delicadamente
Cobria das montanhas o corpo
Como o lençol a cama veste

O jovem, outrora sonhador,
Hoje precocemente amargo e desgostoso
Àquele espetáculo vislumbrava
Revivendo antigos devaneios

A perdida noção de religiosidade
Renascia na percepção aterradora
De sua pequenez e fragilidade
Diante do divino e imponente cenário

Em seu coração ressurgiam
Os bons sentimentos, o amor
Lembrando-se de quantas
Beldades se enamorou

O ódio aos seus semelhantes 
Foi parcialmente esquecido
E de repente lhe assalta a ideia
De que são todos seus irmãos

Sentia-se próximo do céu
O mar de névoa ajudava 
A confirmar a impressão 
De seus delicados sentidos

De súbito a angústia
Em seu nobre peito
Toma o lugar da paz: Escurece!
E já é hora de voltar

Refazendo o caminho de volta
Sua mente confusa é novamente
Dominada pelo rancor
E asco ao que é humano

-Tudo o que conquistei e fiz
Foi sozinho, dependente apenas de minha
Vontade e esforço: de Deus nunca precisei.
Durante vinte anos eu fui meu próprio deus

Quanto àquelas ingratas criaturas
Ofereci meu coração, minha juventude,
Beleza, espírito e atenção,
Mas só souberam de mim zombar

Ao ouvir o longínquo uivar dos lobos
Recordo-me: Homo homini lupus

E lembro-me de cada indíviduo
Que me prejudicou e me tentou derrubar

Para longe de mim o amor, a piedade,
A gentileza e os parvos sorrisos
Que neste mudo pude ver
Que não passavam de mera hipocrisia

O egoísmo e o isolamento restam-me
Como as últimas armas de quem
Só conseguiu ser aniquilado, desprezado
E desacreditado por seus iguais

E de volta a meu lar,
Eu abro a porta, pois moro sozinho, ou melhor:
Quase – Divido o teto com o único
Que me entende, ama e compreende: Mephisto, meu terrier!


Carolina Marx

2 comentários:

  1. Você é muito culta e além de tudo é poetisa. Se eu fosse um Sir, casava com a senhorita!
    Beijos, Ich liebe dich. É a única coisa que eu sei falar em alemão e não sei se está certo, não repare, foi com carinho :)

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    Respostas
    1. Ich liebe dich auch! (Te amo também!!!)

      Sou péssima poetisa, mas tento! E postei o poema da Princesa Schabat que a Srta. pediu!

      Obrigada!

      Beijos!

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