segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Femme fatale

Posso ser sua mulher. Sua e de quem mais quiser. Não sou, porém como as outras, crianças do dia, da luz e da flor.

Trago em meus cabelos o fogo, em minha pele o gelo. Em meus olhos as ondas do mar e sua calmaria homicida. Meus cílios são guardiões da noite eterna após ataque de minha boca predadora que aprecia carne.

Sou cigana sem terra, sem rumo. Meu coração sem dono, sem preconceitos é orgulhoso, mas também ama. Posso dançar para você, nas vestes que determinar, no ritmo que preferir. Sem roupa, talvez, por que não?

Meu amor é brutal, fresco, felino, como uma noite quente após um dia de sol espanhol. Meu olhar ipudente penetra-lhe a alma como os dentes da pantera na presa macia. Meu pescoço esguio cheira a sândalo e flores do Oriente, embriagando-lhe os sentidos com um misticismo louco. Minhas pernas, colunas de alabastro, pés e mãos renascentistas.

Sou cruel vampira impiedosa: destroçar corações é meu doce lazer. Se amo porém, saberei recompensa-lo com tudo o que todo mortal sonhou, porém nunca teve-e nem terá, senão comigo. Terá meus ternos olhares, meu cabelo a lhe turvar a visão da luz, minha carne, meu leite, meu mel.

Só não esqueça que como suave sereia noturna mato-lhe antes que morra. Nunca valeu a pena sofrer de amor. E amores, os tenho como passas na farofa: são infinitos. Por mais que se cate e os descarte, sempre novos brotarão à superfície.