sexta-feira, 11 de março de 2011

Concepções de Goethe acerca do mundo I - O homem segundo Goethe

Senhores,

Dessa vez gostaria de inovar. Ao invés de poemas, resenhas, pinturas, trago-vos excertos por mim selecionados do livro ‘Schopenhauer educador’, de Friedrich Wilhelm Nietzsche.

Em seu livro Schopenhauer educador, o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche compara o homem segundo Rousseau, o homem segundo Goethe e o homem segundo Schopenhauer. A seguir, temos alguns excertos do livro focando no homem de Goethe, fruto de minhas próximas divagações em outros posts a fim de desvendar a Weltanschauung ()isão de mundo) do pensador alemão (Aguardem!).


Capítulo IV



“A época moderna erigiu uma após outra três imagens do homem nas quais os mortais procurarão por muito tempo ainda um motivo para glorificar seu próprio ser: o homem segundo Rousseau, o homem segundo Goethe e, finalmente, o homem segundo Schopenhauer. [...] A segunda [imagem] só convém à minoria, às naturezas contemplativas de alto nível e não é compreendida pela multidão. [...]”

“O homem segundo Goethe não é uma potência tão ameaçadora, pode até mesmo em certo sentido servir de corretivo, de sedativo às emoções perigosas, às quais está preso o homem segundo Rousseau. [...] Ter-se-ia acreditado que Fausto ia ser conduzido, como revoltado e libertador insaciável, através de um caminho ameaçado de todos os lados, encarnando a força que nega por bondade, verdadeiro gênio revolucionário, religioso e demoníaco, num certo contraste com seu companheiro nada demoníaco, do qual o homem não consegue se livrar, mas que é obrigado a utilizar sua maldade cética e seu espírito negador; essa é a sorte trágica de todos os libertadores. [...] O homem segundo Goethe é, como já disse, o contemplativo em grande estilo; se não perece na terra, é porque recolhe e acumula como seu alimento tudo o que existiu algum dia e existe ainda de grande e memorável; e se arranja para viver assim, embora seja uma vida que vai de desejo em desejo. [...] O homem segundo Goethe é uma força conservadora e conciliadora, mas arrisca, como já disse, degenerar num impertinente burguês, da mesma forma que o homem segundo Rousseau se torna facilmente um personagem catilinário. Um pouco mais de vigor muscular e de impetuosidade natural nesse homem de Goethe, e todas as suas virtudes seriam aumentadas. Parece que Goethe sabia onde residia o perigo e a fraqueza de seu tipo de homem e aludiu a isso nas palavras dirigidas por Jarno a Wilhelm Meister: ‘Você é desgostoso e amargo; isso é belo e bom; se chegar a se irritar pelo bom seria melhor ainda.’ ”


Nietzsche


Goethe


Schopenhauer

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