sexta-feira, 13 de agosto de 2010

L’Italiana in Algeri, 1813


A ópera L’Italiana in Algeri (A italiana em Argel) foi composta por Gioacchino Rossini -quando este tinha apenas 21 anos- sobre libreto de Angelo Anelli, e é considerada um dramma giocoso, pela mistura de ópera séria com cômica.


O enredo em si é medíocre, repleto de lugares-comuns do orientalismo afetado de princípios do século XIX, como já foi trabalhado uma pouco antes com Mozart em sua ópera Die Entführung aus dem Serail (O rapto do serralho). Porém, nas mãos de um mestre, tudo é pretexto para se tornar uma chef d’œuvre e com Rossini não foi diferente: com seu tempo frenético e suas coloraturas beirando o absurdo fez dessa ópera uma divertida e deliciosa turquerie requintada, salpicando seu tempero característico em cada nota cantada o que nos lembra seus talentos culinários tão celebrados que lhe renderam a alcunha de músico cozinheiro! O mais inacreditável é que L’Italiana in Algeri foi composta em 18 dias apenas...


Vale lembrar que a protagonista, Isabella é uma contralto característica, com seu timbre grave e escuro, sem fugir do seu registro, apesar das coloraturas belíssimas. É uma heroína rossiniana, ou seja, uma mulher forte, astuta, maliciosa, ardilosa e sedutora, com um ar de Rosina, da Ópera Il Barbieri di Seviglia, do mesmo compositor


Quanto às árias, há uma em especial: Pensa alla patria da Isabella, que prenuncia um nacionalismo que veremos em Giuseppe Verdi, e na ária Sta qui fuori la bella italiana temos um duo raríssimo: contralto e baixo, duas vozes corrrespondentes, a mais grave feminina com a mais grave masculina, aópera já valeria a pena só por esse belo duo coloratura.



Brevemente, o plot é o seguinte: Mustafá, o Bei (algo como governante de província) de Argel pretende abandonar sua mulher, Elvira pois se cansou dela, e quer uma amante italiana. Para se livrar da insistência dela em permanecer como sua esposa, ele pretende casá-la com Lindoro, um escravo italiano recém chegado, vítima de um naufrágio, mas ele recusa, pois ama Isabella.

Isabella, uma moça italiana e Taddeo, um senhor italiano já de certa idade, e que a ama chegam à Argel para resgatar Lindoro, amante de Isabella. Taddeo a contragosto finge ser tio dela e ambos são apresentados ao Bei.

Mustafá se encanta com Isabella e a quer para si, mas Taddeo, Lindoro, Elvira e Isabella põem em prática diversas artimanhas para enganar Mustafá e fazer com que ele se reconcilie com a esposa.


Personagens:

MUSTAFÀ, Bey de Argel, Baixo

ELVIRA, Mulher de Mustafá, Soprano

ZULMA, Escrava e confidente di Elvira, Mezzo-soprano

HALY Capitão a serviço do Bei, Baixo

LINDORO, Jovem italiano, escravo favorito de Mustafá, Tenor ligeiro/contraltino

ISABELLA, Senhora italiana, Contralto

TADDEO amigo de Isabella, Barítono

Links:

Baixar a ópera em MP3

Libretto da ópera

Cruda sorte, amor tiranno em vídeo no Youtube por Ewa Podles


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ode on Indolence


They toil not, neither do they spin.

1

One morn before me were three figures seen,
With bowed necks, and joined hands, side-faced;
And one behind the other stepp'd serene,
In placid sandals, and in white robes graced;
They pass'd, like figures on a marble urn
When shifted round to see the other side;
They came again, as, when the urn once more
Is shifted round, the first seen shades return;
And they were strange to me, as may betide
With vases, to one deep in Phidian lore.

2

How is it, Shadows! that I knew ye not?
How came ye muffled in so hush a masque?
Was it a silent deep-disguised plot
To steal away, and leave without a task
My idle days? Ripe was the drowsy hour;
The blissful cloud of summer-indolence
Benumb'd my eyes; my pulse grew less and less;
Pain had no sting, and pleasure's wreath no flower:
O, why did ye not melt, and leave my sense
Unhaunted quite of all but-nothingness?

3

A third time came they by;- alas! wherefore?
My sleep had been embroider'd with dim dreams;
My soul had been a lawn besprinkled o'er
With flowers, and stirring shades, and baffled beams:
The morn was clouded, but no shower fell,
Though in her lids hung the sweet tears of May;
The open casement press'd a new-leav'd vine,
Let in the budding warmth and throstle's lay;
O Shadows! 'twas a time to bid farewell!
Upon your skirts had fallen no tears of mine.

4

A third time pass'd they by, and, passing, turn'd
Each one the face a moment whiles to me;
Then faded, and to follow them I burn'd
And ach'd for wings because I knew the three;
The first was a fair Maid, and Love her name;
The second was Ambition, pale of cheek,
And ever watchful with fatigued eye;
The last, whom I love more, the more of blame
Is heap'd upon her, maiden most unmeek,-
I knew to be my demon Poesy.

5

They faded, and, forsooth! I wanted wings:
O folly! What is love! and where is it?
And for that poor Ambition! it springs
From a man's little heart's short fever-fit;
For Poesy!- no,- she has not a joy,-
At least for me,- so sweet as drowsy noons,
And evenings steep'd in honied indolence;
O, for an age so shelter'd from annoy,
That I may never know how change the moons,
Or hear the voice of busy common-sense!

6

So, ye three Ghosts, adieu! Ye cannot raise
My head cool-bedded in the flowery grass;
For I would not be dieted with praise,
A pet-lamb in a sentimental farce!
Fade softly from my eyes, and be once more
In masque-like figures on the dreamy urn;
Farewell! I yet have visions for the night,
And for the day faint visions there is store;
Vanish, ye Phantoms! from my idle spright,
Into the clouds, and never more return!


John Keats